Eu não tenho intenção de ensinar obstetrícia neste blog, apenas estou compartilhando alguns dos aprendizados que aprendi na minha prática obstétrica e que não se encontravam nos livros de obstetrícia.(22/07/11 data real dessa postagem)
Uma vez, um caso obstétrico me intrigou: o cálculo da idade gestacional feito pela DUM dava como prematuro, e depois de eu ter avisado a pediatra conforme o pedido dela, o feto nasceu bem e pelo exame dela era a termo.
Depois tive acesso, lendo os livros de GO, a seguinte informação: que a nidação pode gerar um pequeno sangramento levando a gestante a pensar estar menstruando.
Me guiando por essa informação, eu comecei a fazer várias perguntas à gestante e não mais apenas: qual foi a data da última menstruação?
Eu perguntava:
- quantos dias durou essa última menstruação?
- quantos dias geralmente dura as suas menstruações?
- a quantidade de sangue dessa sua última menstruação foi igual a de sempre ou foi um pouco menor? Você percebeu se o sangramento foi menor do que o habitual?
Eu fazia estas perguntas, para descartar a nidação: onde o sangramento acontece em menor quantidade e em número menor de dias do que a menstruação normal da mulher.
Quando a gestante me dizia que a última menstruação havia durado um ou dois dias e pelas perguntas que eu fazia a ela, eu percebia que o sangramento havia sido em menor quantidade do que a sua menstruação normal, eu passava a desconfiar (veja bem, eu não diagnosticava, eu passava a desconfiar) que aquele sangramento poderia ter sido a nidação.
Aí, ao fazer o exame da gestante, eu passei a dar atenção a altura uterina. No livo de obstetrícia, havia desenhos que mostravam claramente o tamanho da barriga da gestante com vinte semanas, quarenta semanas. Isto é, onde eu encontraria o fundo do útero nestas idades gestacionais.
Com a prática, eu passei a perceber a diferença de tamanho da cabeça de um feto a termo e um prematuro. E o mais importante, a consistência (a dureza) da cabeça de um feto a termo. A cabeça de um feto prematuro é molinha.
Assim, ao notar pelo exame que aquele feto estava a termo, embora a idade gestacional calculada pela DUM me dissesse o contrário, eu comecei a observar como eles nasciam. E como a pediatra do plantão era muito boa, e fazia um exame cuidadoso, eu pude ter certeza que aquele feto estava a termo.
Então posteriormente, eu comecei a adicionar o tempo que se dá entre a fecundação e a nidação que o livro me dizia que era de duas semanas (se a memória não me falha) ao cálculo da idade gestacional.
Uma vez, o Dr. Mário, aquele que me passou o maior aprendizado obstétrico que não estava escrito nos livros conforme já disse em postagem, veio me perguntar muito educamente que cálculo era aquele que eu tinha feito. Então eu expliquei o que descobri acima.
E por que escrevi, e o mais importante? Por causa dos P.I.G. Os fetos pequenos para a sua idade gestacional, mas a termo, possuem um consistência dura que o prematuro não tem.
Quando eu percebia uma barriga pequena, com fundo de útero menor que a idade gestacional, eu observava (inspeção) a gestante e perguntava pelas causas que eu conhecia de PIG.
Assim, quando examinava, pela consistência e tamanho da cabela e pela inspeção e anamnese, eu diagnosticava o PIG e descartava a prematuridade.
