quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Como eu me tornei fã do Aírton.

Era uma manhã de domingo, como muitas outras, quando eu liguei a televisão para descansar a mente dos estafantes estudos da faculdade.

Passava o grande prêmio de Mônaco. E eu fiquei assistindo. Quando de repente um carrinho de terceira categoria começou a voar na pista, apesar da chuva torrencial que caía.
Na época ainda havia os chamados países de terceiro mundo, hoje politicamente incorreto.
E pilotando aquele carrinho de terceiro mundo estava o Aírton,  naquela que, na minha opinião, foi a maior corrida que um piloto já fez neste mundo. 
Para o Aírton fazer o que fez naquela corrida foram necessários anos de treinos nas categorias anteriores a fórmula 1, inclusive o cart.
E por que estou aqui comentando tal fato?
Simplesmente porque muitos brasileiros parecem pensar que para ser um grande piloto basta entregar a você um grande carro.
Estes brasileiros supervalorizam os prédios, os equipamentos mais modernos e não parecem dar qualquer valor ao ser humano que vai passar as informações a vocês.
O professor, para eles, não tem qualquer valor.
O importante é o prédio da faculdade, são as carteiras e cadeiras com o design mais modernos, os computadores, os equipamentos mais sofisticados,...
Estes indivíduos parecem acreditar que basta entregar a vocês um carro de fórmula 1 para que você se transforme imediatamente em um grande piloto.
E o pior é que muitos de vocês, se tivessem tal oportunidade, ousariam pilotar o carro sem sequer parar para pensar que nem seus olhos nem seus braços e pernas estão preparados para reagir adequadamente a velocidade alcançada pelo carro. O que aumenta, e muito, o risco de um acidente com destruição total do carro e até com a sua própria morte.
Eu tenho ouvido argumentos de que a culpa é do ensino médio, que os alunos chegam as faculdades mal formados.
Mas tirando os poucos que ilicitamente compraram a prova e aqui não incluo passar por chute, pois quem fez um exame vestibular sabe que é impossível passar chutando, eu digo que por pior que tenha sido a sua base, se você chegou a uma faculdade, você está apto a se formar adequadamente, desde que a faculdade tenha Professores.
O maior problema que eu vi no ensino universitário e que pode ser encontrado em qualquer setor da sociedade brasileira é o abandono, a falta de uma orientação adequada, o despreparo dos professores para dar tal orientação e para ensinar, a falta de didática de ensino da parte deles e daí é muito mais fácil, para eles, culpar o ensino anterior a faculdade.
Vocês já ouviram falar de algum curso de didática para os professores universitários?
Aí nós ouvimos absurdos tais como esse: é preciso olhar onde o aluno se formou...
Em outras palavras, se um bom profissional se formar na faculdade que aquele selecionador acha que não forma bem, by, by, não será sequer avaliado.
Quantos talentos não se perderam e se perdem assim, por preconceito de quem seleciona?
No Brasil, existe o mau hábito de se olhar os resultados sem se fazer uma análise dos diferentes fatores que existem.
Se o ensino particular anterior a faculdade é considerado melhor que o público, por que as faculdades públicas seriam melhores que as particulares?
Se estes professores universitários afirmam que os estudantes chegam as faculdades despreparados para cursá-las e se nós sabemos que os estudantes que passam para as universidades públicas são aqueles que tiveram uma melhor formação educacional, então como podemos dizer que as universidades públicas são melhores que as particulares?
A meu ver, o que acontece é que os estudantes das universidades particulares têm que fazer inúmeros sacrifícios para se formarem, de modo que têm menor tempo para se dedicarem aos estudos.
Até porque, muitos dos professores que dão aulas nas universidades públicas dão também nas particulares.
Veja bem, que eu usei o mesmo argumento que eles usam (falta de formação) para descartar a melhor qualidade da faculdade deles, pois na verdade o que acontece é que eles estão dando aulas para os alunos com  melhores condições de vida para aprender.
O mérito não está em quem ensina, mas sim na qualidade de vida do aluno e na dedicação deste. Isto, considerando o modelo atual.
Voltando ao foco principal, depois da minha divagação: o mais importante é quem ensina, é o professor ser capaz de passar os conhecimentos necessários a prática profissional futura do aluno.
Muitos acreditam que sabem dirigir. “É que nem bicicleta, aprendeu a andar...”
Aí o carro fica sem freio e tasca pisar fundo no freio...
Não usa o freio motor, fica pisando fundo no freio. Precisa dizer o que vai acontecer?
Freio motor, o que é isto?
Nada mais é do que reduzir. Se você está em quinta passa para a quarta, dá um pequeno tempo para a velocidade do carro diminuir e reduz novamente para terceira, dá outro tempinho para diminuir mais um pouco a velocidade do carro e reduz para segunda... até chegar primeira.
Aí como o freio não está funcionando e a velocidade já diminuiu bastante com a redução de marchas, eu puxaria o freio de mão e procuraria por um lugar para bater o carro e pará-lo com o choque sem atropelar ninguém.
Outros, ases do volante, voam nas estradas a velocidades constantes.
Mas o que aprendi, com a minha prática, é que não se deve dirigir com velocidade constante nas estradas.
O mais seguro é aumentar a velocidade nas retas
E nas curvas com ponto cego, isto é, onde a sua visão está bloqueada por um morro ou vegetação, você diminui, pois você não sabe o que está do outro lado.
Passou a curva e você já vê o que existe a sua frente, volta a aumentar a velocidade para reduzi-la mais adiante na próxima curva de ponto cego.
O que quero dizer com este post é que se você chegou a faculdade, você está apto a se formar adequadamente.
Não dê tanta atenção a esses babacas de plantão.