sábado, 26 de fevereiro de 2011

15 sexto ano de medicina

Agora você está no 6º ano.  Eu diria que você já terminou a faculdade, pois já passou por todas as cadeiras básicas (histologia, bioquímica,…) e já teve todas as cadeiras clínicas (pneumologia, cardiologia, gastro…).
Se você seguiu todas as dicas que eu postei neste blog, eu posso lhe garantir que você já é um médico (uma médica) melhor que muita gente que já está no mercado de trabalho há mais de cinco anos.
Só que faltam a você duas coisas:
1- confiança em si mesmo. Você ainda precisa perceber que já sabe muita coisa.
2- prática.  E esta só se adquire no dia a dia, trabalhando.
O problema é que você mesmo e as pessoas em geral confundem ser safo na prática médica com saber medicina.
Vou dar um exemplo para que você entenda melhor.
No meu primeiro ano de formado, eu trabalhei em um ambulatório de clínica médica e lá havia uma balança destas em forma de T que você tem de mexer com os pesinhos para pesar o paciente.
Eu não sabia como pesar os pacientes naquela balança. Entendeu? É disto que eu estou falando, quando me refiro a prática do dia a dia.
Eu também não sabia ligar a máquina que esterilizava os instrumentos cirúrgicos, etc.
Só que muitas pessoas julgam a sua capacidade médica por este não saber.  E, pior, alguns “colegas”, sabendo que você ainda está começando e que não tem essa prática,  começam a colocar cascas de bananas no seu caminho, para lhe prejudicar.  Dando dois exemplos abaixo.
Estagiei em um hospital em São Paulo, onde um “colega” ficava falando, propositalmente, os nomes errados dos instrumentos  cirúrgicos, quando os pedia para mim.
A má conduta de alguns “colegas” ainda será abordado em um post exclusivo neste blog, por hora basta você saber que um desses “colegas” já me amostrou um Raio X falando um monte de baboseiras que não estavam no Raio X.
Porém, eu sei que na faculdade deste “colega” havia uma cadeira exclusiva de Radiologia a qual até frequentei algumas aulas, logo era impossível que ele não soubesse ler aquele raio X.  De onde se conclui que o que ele estava fazendo era…
A vaidade de alguns “colegas” é tão grande que eles precisam achar que o outro é um médico de bosta. (desculpem a expressão, mas é a única palavra que transmite a idéia)
Concluindo este ponto, você precisa começar a confiar em si mesmo e não achar que é um péssimo médico por ainda não ter essa prática diária.
Você não pode se considerar um péssimo médico por não saber fazer um ECG.  Isso você aprende em alguns minutos, perguntando para alguém: um enfermeiro, um outro colega sem aspas, ou relendo no livro.
Porém se você souber fazer o ECG , mas não souber ler o ECG (caso o ECG seja um dos exames necessários a sua especialidade) eu te pergunto: você é um bom médico?
Os caras que ficam jogando cascas de bananas para os colegas que se iniciam na profissão acham que a resposta a pergunta feita acima é afirmativa. Já você que seguiu as dicas desse blog, sabe que a resposta é:  Não!
Eu pessoalmente acho que a Faculdade de Medicina deveria ser transformada em um curso de quatro anos.  Ministrado através de apostilas.
Ao final dos quatro anos os formandos receberiam um certificado de conclusão que lhes possibilitaria fazer uma prova para um curso de especialização na especialidade escolhida.  E só ao término deste curso o aluno receberia o seu diploma de médico.
Acho até que algumas especialidades deveriam ser divididas em áreas específicas, de modo a haver um curso pós este curso de especialização para tornar o profissional especialista dentro da especialidade. (é o que chamei de subespecialidades)
Mas o meu objetivo aqui neste blog não é dizer a você como eu acho que deveria ser e sim ajudar você a driblar o caos da saúde e a conseguir se tornar um excelente profissional, apesar deste caos.
Este blog, usando uma linguagem metafórica, é o par de botas que eu lhe entrego pra você poder atravessar o lamaçal sem se sujar.
E este lamaçal é o caos da saúde.