Pasmem, num passado não tão distante, era comum acusar as mulheres, vítimas de estupro, de terem provocado tal comportamento hediondo.
As vítimas tinham se vestido de forma provocante, tinham andado de forma provocante, tinham… “pedido” e recebido aquilo pediram.
O homem, coitadinho, era apenas uma vítima da natureza, refém dos hormônios masculinos que dominavam o seu agir.
Hoje, é comum vermos profissionais cometendo um erro semelhante, quando são convidados a falar, em rede nacional, a respeito das vítimas de bullying.
Esses profissionais ainda seguem a linha do raciocínio, simples e ultrapassado, de causa e efeito.
Eles parecem ter pulado o segundo grau, de modo que nunca ouviram falar daquela lei da física que mostra que o movimento e a velocidade de um corpo serão consequentes a resultante das forças que atuam ou atuaram sobre este corpo.
Trazendo para o indivíduo, estas forças serão os diferentes fatores (positivos e negativos – saúde e doença) que agiram e agem sobre o indivíduo.
Quem já estudou epidemiologia entendeu facilmente o que eu disse.
Mas esses profissionais que dão tais entrevistas culpando as vítimas de bullyings parecem ter faltado as aulas de epidemiologia.
Para quê estudar epidemiologia, se eu vou fazer psiquiatria?
Para quê estudar física, se eu vou fazer medicina?
E aí saem dizendo que a vítima sofria agressões, porque se isolava,…
Será que tal afirmação absurda é verdadeira?
Será que a causa do isolamento não era sofrer agressões?
Será que essas vítimas não ficarão receosas de se integrarem a novos grupos no futuro?
Esses profissionais parecem querer que todos nós sejamos como cachorrinhos que mesmo levando porradas estão sempre abanando o rabinho?
A ditadura já acabou!
Mas mesmo que as vítimas se isolassem, será que isso justificaria tais agressões?
Embora não seja um especialista, o que percebo nas vítimas de Bullying é uma reação de desespero, não planejada, impensada, de defesa da própria existência e que por isto mesmo pode causar uma lesão mais grave no agressor e rotular a vítima de bullying como algoz, se não investigada adequadamente.
Basta você assistir aquele vídeo do gordinho australiano que após sofrer agressões gratuitas de um baixinho (por que quase sempre é um baixinho idiota metido a valentão?), perdeu o medo e a racionalidade e numa reação raivosa jogou o baixinho para cima e tascou-o no chão.
Ninguém parece ter reparado que ali junto havia uma quina do canteiro e que naquela reação irracional a vítima poderia ter batido sem querer com o agressor naquela quina e o ter matado (caso a cabeça ali batesse) ou quebrado-lhe uma perna ou uma rotura esplênica em dois tempos.
Aí, o pobre do gordinho de herói passaria a algoz, sem que sequer lhe dessem a chance de defesa. “Viram o tamanhão dele. Que monstro! Matou o pobrezinho do menino, bem menor que ele.”
O que estou tentando dizer é que a reação da vítima de bullying não é planejada, ela é de momento.
Um garoto americano passou anos sendo vítima dos colegas até que um dia o copo entornou. Ele voltou em casa, pegou uma arma e saiu atirando naqueles que riam dele.
Acredito que se ao voltar encontrasse, por algum motivo, a escola vazia, tal reação não aconteceria, no dia seguinte, após se acalmar, pois ele recuperaria a razão.
A reação no bullying é de autodefesa, semelhante a daquele rapaz que matou o pai sem querer, quando viu o pai partir para cima da mãe com uma faca em punho.
Para defender a mãe, ele se atracou com o pai e acabou, sem querer, esfaqueando o pai mortalmente.
Quando olho para essa chacina que aconteceu no colégio de realengo, custo a acreditar que a causa seja o bullyngs sofrido, pois, como tentei mostrar acima, a reação no bullying é impensada, irracional, passional.
Pela carta deixada e pela entrevista do irmão adotivo mais velho, mais me pareceu alguém com problemas mentais em busca de notoriedade mórbida.
Não vivemos em um mundo onde todos parecem querer atrair para si os olofotes da mídia?
O bullyngs sofrido talvez (digo talvez) possa ter influenciado na escolha das vítimas, pois como disse acima: a velocidade e o movimento de um corpo são consequentes a resultante das forças que atuaram sobre este indivíduo, durante toda a sua vida.
Se quiser ler mais sobre bullyings, leia o artigo do Professor Marins O "bullying" no ambiente de trabalho
Se quiser ler mais sobre bullyings, leia o artigo do Professor Marins O "bullying" no ambiente de trabalho