quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Lula, o filho do Brasil

Ontem, assisti ao filme e fiquei boquiaberto com o DESCASO no atendimento que levou a morte da primeira esposa e do filho que ela gestava.
E o que mais dói é saber que aqueles que a atenderam continuaram suas vidas como se nada tivesse acontecido.
O filme deu  a entender que a esposa do Lula não foi sequer examinada.
As pessoas acham que obstetrícia é fácil, é coisa de parteira, pelo pouco que deixaram perceber, parece que a Lurdes teve DPP (Descolamento Prematuro de Placenta) e caso este tenha sido o diagnóstico real é pouco provável que o feto pudesse ser salvo. E por que digo isto? Porque suponho que tenha havido demora entre o começo do quadro e a chegada ao hospital, levando em conta as condições da época: transporte difícil e demorado, poder econômico da família do lula,… porém isto é apenas uma suposição, um raciocínio de minha parte. Mas a morte da mãe é, na minha opinião, praticamente um assassinato, cujo gatilho foi o DESCASO.
E isso continua acontecendo hoje em diferentes setores da sociedade: é o cara que bebe e dirige; é o cara que ultrapassa pelo acostamento e ao voltar para pista, atropela o pedestre que estava atravessando a estrada e não poderia imaginar que alguém ultrapassaria o caminhão pelo acostamento e consequente, sem visão, vê aquele carro surgir à sua frente; é o parque que não conserta o brinquedo e mata aquela menina que veio do Japão com os pais para conhecer o Brasil,…
Eu me lembro de chamarem a ambulância para o meu avô. O médico olhou, e sorridente levou para internar. Lá, quando fui visitar, meu avô estava com um cateter vesical (sonda vesical) e reclamou comigo. Foi a última vez que o vi.
Morreu, no final do ano em que eu passei no vestibular para medicina. Depois, estudando, entendi que sequer era caso para internação. Ele estava apresentando tofos gotosos e o caso era para tratamento ambulatorial.
Ao interná-lo, o idiota alegre(sentido conotativo) o colocou nas mãos de pessoas que estavam mais preocupadas em dormir do que em atender.
E como ele foi levado sem qualquer satisfação a família de para onde ele iria, ele, pelo que disseram, tentou fugir à noite do hospital, então deram-lhe remédios para dormir e, pasmem, a indicação da sonda vesical foi para ele não urinar na cama. Grande tratamento não?
Essas pessoas praticamente assassinaram o meu avô e continuaram suas vidas como se nada tivessem feito de anormal.
Sonda vesical pode causar infecções e os remédios, pelo que disseram em outro hospital para onde ele foi transferido, afetou o coração.
Perceba que o erro já começa na indicação de internação, para um caso que era de tratamento ambulatorial. Depois, além de não dizer para onde o levava, ainda o deixou nas mãos de pessoas que estavam mais interessadas em dormir e aí lhe deram um sossega leão e, para não terem o trabalho de trocar os lençóis molhados da cama, colocaram nele uma sonda vesical.
A mulher do Lula, sequer foi examinada, mas o médico peitou o lula, perguntando se o Lula queria saber mais do que ele, médico.
As pessoas não entendem que o que está causando essas mortes são os DESCASOS, são as pessoas não entenderem a importância da sua função, são as pessoas que não valorizam adequadamente aquela função e aí, mandam uma iniciante em enfermagem administrar a refeição e ela injeta na veia, causando a morte da paciente. Isso porque ninguém achou importante acompanhar essa menina, e só queria mais era ficar livre do trabalho. Acabaram assim, com a carreira dessa menina e continuam as suas vidas como se nada tivessem feito.
E o pior de tudo é que essas mortes foram e continuaram sendo em vão, pois as pessoas não entendem que a causa dessas mortes foi o DESCASO.
Assim, acham que colocar pulseiras eletrônicas nos bebês solucionará os problemas de troca, mais como acontecem partos ao mesmo tempo e em uma mesma sala, não é improvável que na pressa ou na inexperiência de quem vai colocar aquela pulseirinha (função tão sem importância como pensam) em plantões agitados, a pessoa possa trocar as pulseiras dos bebês.
Infecções mataram e ainda matam recém-nascidos, apenas pelo DESCASO de não lavarem as mãos da forma adequada.
Milhares de crianças morrem desidratas, pelo DESCASO da falta saneamento básico.
Milhares morrem no trânsito pelo inúmeros DESCASOS que acontecem: beber e dirigir; ultrapassar pelo acostamento; andar em alta velocidades nas cidades como se estivessem em estradas europeias ou em pistas de corrida;…mas continuam achando que têm direito de se recusarem ao teste do bafômetro.
Se um policial pode invadir uma casa em caso de um crime que esteja acontecendo dentro dela, porque ele não pode pedir o teste do bafômetro em um caso de um assassino que bebeu, dirigiu e assassinou com o carro a outros.
E aí, em vez de obrigarem ao infrator a fazer o teste do bafômetro, preferem proibir a venda de bebidas alcoólicas nas estradas, como se os passageiros diversos que não estão dirigindo não tenham o direito de beber, como se o vendedor não tinha o direito de vender e lucrar.
Punem a todos pelo DESCASO de alguns.
E essa atitude é inconstitucional, pois a pena não pode passar da pessoa do criminoso.
Você não pode punir a família do criminoso pelo seu crime, só o criminoso é que é apenado. Se uma pessoa rouba R$ 500.000,00 e deixa de herança R$300.000,00 para os seus herdeiros. Se descobertos só esses 300 mil serão devolvidos aos cofres públicos, pois os herdeiros não cometeram crime e não podem pagar pelo crime de outro. A pena tem de ficar restrita a quem cometeu o delito – isso é constitucional.
Mas preferem punir o vendedor, punir os passageiros que não estão dirigindo e poderiam beber, e o responsável pelo DESCASO continua sem punição. “Vamos educar, vamos orientar, punir não!”
E assim fazem nos estádios que são fechados a toda um torcida, porque alguém jogou algo em campo, mas aquele que jogou nada sofre. Quem sofre a punição é a pessoa jurídica clube, são todos os outros torcedores que nada fizeram de errado, mas quem cometeu o delito continua impune para, se quiser, jogar de novo. Penas passando da pessoa que cometeu o delito para outras que nada fizeram.
Não estudam, não leem a constituição.