terça-feira, 13 de novembro de 2012

A Primeira Missão

Quando as minhas moléculas começaram a vibrar em uma outra frequência e eu “mudei de casca” semelhante a cobra que troca a pele – só a física quântica explica – logo me perguntaram: qual o nome que você vai usar nessa sua nova jornada? Sem pensar respondi: James Quirque com qu, pois sou brasileiro.

Alguém gritou: “mais um que quer ser capitão de nave interestelar.” gargalhadas…

Muito demorou, mas um dia fui chamado à minha primeira missão.

Quirque, o serviço de inteligência descobriu que chimpanzés estão morrendo nas minas do planeta zenta.

A humanidade depois de muito debater chegou a conclusão de que precisava colocar os macacos em um planeta só seu, para que eles continuassem a sua evolução independente de nós humanos.

Isto porque os macacos haviam alcançado um estágio evolutivo que já os levava a querer escolher os próprios caminhos.

A gota d’água para esta resolução foi a descoberta de organizações criminosas que estavam recrutando macacos para roubar. Os pobrezinhos que se recusavam a aceitar aquela vida criminosa sofriam torturas incríveis, viam seus entes queridos sofrerem agressões, privacidades até não terem outra opção senão aceitar, como escravos, o caminho que lhe forçavam a seguir.

A solução encontrada pela humanidade foi colocá-los em quatro plantetas distintos, separando-os por tamanhos e línguas.

Até um determinado tamanho foram colocados juntos, dispersos em dois planetas e acima daquela altura foram colocados dispersos nos outros dois planetas. E dentro de cada planeta foram distribuídos de acordo com a língua que falavam.

Os maiores foram colocados em planetas maiores e os menores em planetas menores. Optou-se por dois planetas distintos para cada grupo por medo de que a evolução os levasse a um impasse que chegasse ao desenlace da própria destruição. Assim a espécie não se perderia, pois ainda haveria um outro planeta com um grupo similar.

As línguas diferentes que os macacos falavam era consequência das escolhas dos cientistas. Isto porque os cientistas chineses escolheram um grupo de macacos para trabalhar, já os russos tiveram escolhas diferentes, assim como os americanos,…

E de acordo com os cientistas com quem trabalhavam estes macacos aprenderam a língua destes cientistas, bem como os aprendizados em construção,… que estes cientistas lhes davam. Não esquecendo das organizações criminosas que lhes encaminharam para as diferentes ações criminosas e as forças militares de alguns países que decidiram usar macacos, pois ninguém reclamaria quando eles morressem nas batalhas. E estas ações dos militares foi que iniciou as campanhas dos grupos protetores dos animais a lutar pela liberdade de escolha dos macacos, culminado com a vitória de criar condições de vida para eles em um planeta só deles.

Por esses problemas que você pode vislumbrar, os macacos foram jogados nos quatro planetas de acordo com a língua que falaram, pois não houve tempo hábil para pensar uma preparação que desse aos símios uma melhor organização social.

Ainda assim, começaram a surgir boatos de que macacos ainda eram utilizados como escravos em diferentes trabalhos, por grupos criminosos que queriam lucrar sem nada pagar de direitos trabalhistas…

Assim lá fui eu para o planeta onde libertei os muitos escravos que eram forçados a trabalhar na mineração…

Depois que os salvei, tive que resolver um problema: onde colocá-los.

Em que região do planeta deveria inseri-los se eles não tiveram a sorte de receber os aprendizados passados pelos diferentes cientistas e provavelmente acabariam sendo excluídos naquelas sociedades com línguas diferentes, com organização diferente, com conhecimentos e conceitos diversos dos seus. Provavelmente seriam perseguidos, vítimas de preconceitos…

A solução que apresentei a eles e que eles escolheram seguir depois de debaterem entre si, foi colocados em um ponto distante dos outros grupos do planeta onde a evolução social provavelmente levaria centenas de anos para alcançá-los. É que eu me lembrei dos índios da América do Sul e assim os deixamos lá, distantes das outras sociedades, com os poucos conhecimentos que pudemos lhes passar no pouco tempo que tivemos com eles e os aprendidos na sua existência de escravos.

Fui parabenizados pelo sucesso na minha primeira missão, mas para mim, só o tempo e a evolução dos símios dirá se tive sucesso ou não, pois a história humana relata o que aconteceu com diferentes tribos indígenas e eu temo por eles. E não sei se consegui disfarçar este temor ao deixá-los lá a própria sorte. Já que somos impedidos por lei de interferir na evolução deles.