quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Por causa de 7 reais, foi morto com 3 facadas

Pelo que entendi, quando entrou no restaurante, o preço era x e quando foi pagar a conta o preço era x+7reais. Reclamou. Parece que quem disse pra ele pagar o queria, depois disse que iria esperá-lo na saída para acertar as contas.

Foi um pega danado, até os garçons se envolveram na briga e aí o dono do restaurante, pai do gerente, deu três facadas nas costas do freguês.

Ao longo da minha vida, eu tenho percebido que as pessoas se identificam e se agrupam com aqueles que acham, muitas vezes sem se darem conta disso, parecidos consigo. E assim elas escolhem o lado para ficar em um discussão ou briga, não importando quem está com a razão.

Outro dia, fui fazer minha fezinha na mega-sena e como aquela porta de correr pra cima estava só meia aberta, eu pedi ao que estava à minha frente que entrasse um pouco mais na loja. (para que eu não ficasse exatamente embaixo da porta e corresse o risco de machucar a cabeça, pois sou alto)

Pra quê, o cara ficou chateado e demonstrou a sua chateação indo bem pra frente e deixando de se encostar naquele suporte onde marcamos os cartões.

Disse-lhe que eu só pedi pra ele se afastar um pouco por causa da porta, que ele não precisava ficar raiva.

“Como é que você sabe que eu estou raiva, você não me conhece?” Com aquele tom de voz bem irritado, com raiva mesmo.

Aí eu lhe disse que sabia por causa do seu tom de voz.

“Você não me conhece, não sabe qual é o meu tom de voz…”

Bem, em vez de lhe dizer que era o tom de voz que ele usou e não o seu tom de voz como ele fingiu entender, tentando assim colocar os outros contra mim, achei melhor parar por ali mesmo, porque já conheço a ignorância humana como você pode ver narrado acima: três facadas por causa de 7 reais.

Agora, talvez você acredite em coincidências, eu não.

Na vez seguinte que voltei a loja, a atendente, quando chegou na minha vez, gritou com um tom de voz bem forte: “próximo”. Tom voz este que ela não havia usado com os fregueses anteriores.

É isso, eu já entendi que as pessoas escolhem seus lados por razões que na maioria das vezes não tem nada a ver com quem tem razão.

Acham você chato, metido, diferente,… e aí escolhem o lado contrário ao seu.

E a burrice é tão grande que não era o tom de voz da pessoa e sim o tom de voz que ele usou, pois todos nós usamos tons de voz diferentes para diferentes situações.

É só prestar atenção nas interpretações dos atores e atrizes nos filmes e novelas que qualquer um entende isso.

Eu já cansei dessas pessoas que ficam agindo apenas com a intenção de irritar a gente. Ficam propositalmente na entrada da portaria, fingindo distração, olhando pro outro lado e dificultando a sua passagem, só porque sabem que isso irrita você.

E aí se você briga, grita, tentando mostrar que você tem razão, acaba sofrendo consequências sérias, pois você passa por chato, louco, ranzinza,… e essas pessoas fazem a sua caveira pros conhecidos dela que mesmo sem ter visto nada do que aconteceu passam a ficar do lado dela repercutindo o que ela disse de você aos outros conhecidos.

É assim que as coisas funcionam, infelizmente, e quando a gente chega a conclusão que a gente não faz parte do time deles, o melhor mesmo é abaixar a cabeça, ficar calado e aceitar o prejuízo menor, para não correr o risco de levar 3 facadas apenas porque alguém nos acha arrogante, metido, diferente.

A impressão que essas pessoas me passam é que elas ficam olhando pra gente e achando defeitos, tics, medos,… então elas passam a agir para nos “curar”, para nos modificar para ficarmos do jeito que elas acham que a gente tem de ser e aí ficam torturando as pessoas, provocando, humilhando até. A vida torna-se um inferno por causa delas. Conheço uma que não consegue ficar com a porta do próprio quarto fechada, mas que fica tentando modificar os outros que não gostam de ficar com a porta de sua casa ou apartamento abertas. Essa gente se preocupa tanto com os “defeitos” alheios, mas se esquecem de olhar para os seus próprios medos, anseios, tics,…

Uma coisa que reparei é que no nosso país as pessoas querem que quem é agredido não se sinta agredido. Ao invés de mudar a conduta do agressor, parece que preferem transformar aquela agressão em não agressão. Preferem que a pessoa que sofreu o preconceito passe a mudar o seu jeito de ouvir e ver aquela palavra com que lhe agrediram e não se incomodar mais com ela. Então passam a repetir a agressão, usando a palavra de modos diferentes para “curar” o que sofreu a agressão.

Assim grosseiramente usam a palavra crioulo, usaram a palavra brega que era uma ofensa, um desmerecimento ao estilo musical e agora parece que a tornaram um estilo musical e até num jeito de ser.

Parece terem escolhido esse caminho de transformar a ofensa em não ofensa, mudando o modo de entender do ofendido sem educar a quem ofendeu que segue a vida como se nada tivesse acontecido.